sábado, 30 de dezembro de 2017

CÃO SEM DONO

Cão Sem Dono, um filme de Beto Brant e Renato Ciasca, com Júlio Andrade, Tainá Müller, Marcos Contreras, Janaína Kremer e Sandra Possani. As cenas nas quais eu participo somam 9'12". Elas me valeram o Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival Internacional de Lima.

METAMORFOSE


Desenho à lápis e pastel sobre papel comum. Comecei a desenhar em 2012 quando estava fazendo mestrado em artes cênicas, no qual eu estava desenvolvendo um projeto chamado Metamorfose. Terminei(?) o desenho em 2014.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

PEQUENOS RECORTES DA VIDA URBANA PARA LER NO BANHEIRO.

Eu tô sempre lendo pelo menos dois livros. Um que é o que eu ando com ele. E outro que fica no banheiro. Esse último tem que ser um livro específico pra ler no banheiro. De preferência um livro de contos. Ou poesias. Pensando nisso estou escrevendo aquilo que algum dia será um livro de contos pra ler no banheiro. Contos com o tamanho exato de uma boa cagada. Com o perdão da palavra. Hoje vou postar um deles.

1.

Eu vi uma barata saindo do bueiro. Eu vi um monte de baratas saindo de um bueiro. Não. Eu sonhei com baratas saindo do bueiro. Eram muitas baratas saindo do bueiro. O que eu vi mesmo foi a cabeça. Uma cabeça ao lado do bueiro. Cara, eu vi uma cabeça. Parecia que a cabeça tinha sido... Eu não acreditava. Olhava pra cabeça e pensava que não podia ser uma cabeça aquele volume escuro atirado ao lado do bueiro. Mas era uma cabeça. De homem. Toda ensangüentada. E parecia que tinha mesmo sido arrancada. Arrancada, cara. A cabeça foi arrancada e atirada perto do bueiro. Quem atirou deve ter pensado que a cabeça iria rolar pra dentro do bueiro, mas ela parou ao lado do bueiro. E eu ia só atravessando a rua. Tinha acabado de comer um xis. Tava voltando pra casa. Pra quê que eu tenho que ver uma cabeça? Quase vomitei em cima da cabeça. Vomitei nas baratas. Mas isso foi no sonho. Na real, não tinha baratas. Tinha um olho meio que saindo pra fora da cabeça. Eu ti um acesso de curiosidade mórbida e quanto mais não queria olhar aquele troço mais olhava e procurava detalhes, procurava reunir os pedaços de cérebro espalhados. De dentro do ouvido saia uma gosma branco-esverdeada que eu não soube definir o que era. Impossível saber a idade da cabeça. Era homem por causa do cabelo com corte de cabelo de homem mas também poderia ser uma sapata. A cabeça de uma sapata foi arrancada por um cara que perdeu a mulher pra sapata. O cara jogou a cabeça de dentro do carro pra ela cair dentro do bueiro e a maldita cabeça da maldita sapata parou na beira do bueiro. E não caiu. E quando ele (o cara) estava dando uma ré pra empurrar a cabeça da sapata pra dentro do bueiro, percebeu que vinha gente, que era eu e caiu fora. E eu encontrei a cabeça. Mas era tudo viagem. Não tinha carro nenhum na rua. Só eu e a cabeça e era uma cabeça de homem. Ta... não sei porque eu acho que é de homem, mas eu olho e SEI que é uma cabeça de homem. Amassada, ensangüentada, completamente avariada, esmagada na frente, partida atrás, uma massa disforme de cores variadas, uma cabeça de homem. Faço o quê? Chamo os homê? Chamo os bombeiros? A SAMU não adianta mais. Procuro o corpo pelas redondezas. Só com os olhos porque eu é que não ia sair dando uma banda e procurando o corpo naquelas bocadas tão mau iluminadas. Não via nada. Nada parecido com um corpo num raio de duzentos, trezentos metros. Então era só uma cabeça sem corpo. Pensei no Frankenstein e viajei que podia ser uma cabeça que alguém estava trazendo do cemitério. Podia ser um carregamento de cabeças dentro de um caminhão. Todas essas cabeças seriam usadas para criar um batalhão de frankesntein que seriam treinados pelos americanos para destruírem o irã e o iraque e todos os palestinos, judeus, libaneses, e todo aquele povo que arma há quinhentos anos aquele barraco lá no oriente médio. Da onde que essa gente tira tanto ódio? Acontece, que o motorista do caminhão dormiu na direção, meio que subiu no cordão da calçada, o motora acordou, o caminhão deu uma forte chacoalhada, a cabeça caiu pra fora da lona, ainda deu tempo das rodas de trás do caminhão passarem por cima da cabeça que deu azar, quer dizer, azar duplo, porque além de ser uma cabeça morta, ainda caiu da carroceria do caminhão, bateu no muro e rolou pra perto do cordão da calçada bem há tempo de ser esfacelada pelas rodas traseiras do veículo. E o motorista ainda se recuperando do susto, sentiu mais um pequeno tranco nas rodas traseiras como se tivesse passado por um pequeno quebra-mola, ainda olhou pelo espelho mas não viu a porra da cabeça que rodopiou sobre si mesma espalhando um pouco de gosma e miolos e quase caiu no bueiro ao seu lado. Que viagem! Sem saber bem por que, sem saber o que se faz numa situação dessas porque eu nunca tinha visto uma cabeça na beira de um bueiro, porque eu nunca vi num filme um cara enfrentando uma situação semelhante, sem saber por que eu fiz exatamente aquilo, me afastei, olhei pra frente e eu já tava no estádio do Beira-Rio. Estádio lotado. Inter e Barcelona. Fomos pros pênalti. Era eu e o goleiro. Enxerguei os olhos dele. Olhei pro juiz e de novo nos olhos do goleiro. Nunca que ele ia saber pra onde eu ia chutar, eu já tinha escolhido o canto, corri pra cabeça, e emendei um chutão de peito de pé que pegou bonito, pegou em cheio e sem piedade, o goleiro se atirou inteiro, bonitaço, esticado pro lado direito, enquanto eu engavetava um golaço no canto esquerdo, à meia altura, mandando a cabeça cheia de baratas pro fundo das redes e marcando o gol que deu a vitória e o campeonato mundial para o Inter. 

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

MY BATHROOM

Aquarela sobre papel poroso. Não sei de que ano é. Bob

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

OS FRACASSOS PESAM NAS COSTAS


Mais uma das minhas incursões no mundo das Artes Plásticas. Do lado esquerdo um desenho feito com caneta numa folha de caderno, de 1993/94.
Abaixo uma pintura inspirada no desenho. Tinta acrílica sobre tela, de 2014.

sábado, 23 de dezembro de 2017

DOIS PEQUENOS POEMAS

AMOR E ÓDIO
Sempre que posso
Acabo comigo.
Mas mesmo assim
Sou meu melhor amigo.


COMPLICAÇÃO
Viver fica
Realmente complicado
Eu nunca reconheço
Que estou errado.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

DA SÉRIE PÁSSAROS DO BRASIL

pássaros do brasil, técnica mista, Bob, 2017
mais uma das minhas intromissões no campo das artes plásticas

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

ARVORE(VI)ZINHAS.


Aquarela sobre tela. Bob, 1998.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

MEMÓRIAS RECENTES

Dez anos (e alguns meses) depois encontro essa colagem entre os meus arquivos de imagem.
Foi um presente do amigo Kiran, Léon Federico Léon.
Grande e talentoso fotógrafo com o qual eu tive a sorte de cruzar algum dia. Kiran se integrou ao Depósito de Teatro como fotógrafo, como amigo, conselheiro e de tantas outras formas que ele achou para participar da experiência cotidiana do Depósito de Teatro.
O Kiran como fotógrafo e o Mirco Zanini como iluminador, foram duas gratas presenças (e vivências) como integrantes ativos do grupo. Os únicos membros que não eram atores ou diretores.
Era maio de 2007.
O meu mundo começava a cair.
Mas, eu não via isso, pois estava num momento especial da minha vida. Eu estava explodindo de felicidade. Estava mais uma vez apaixonado. Engatava minha maravilhosa (profícua e duradoura) relação com a Elisa. Festejava meu aniversário entre meus amigos, no "meu" espaço. O novo Depósito de Teatro que estávamos instalando na Câncio Gomes.
Digo "meu" entre aspas, porque tenho total consciência que era o nosso espaço. O Depósito dependia do esforço de muita gente.
Éramos um grupo de 12 pessoas. Mais um batalhão enorme de alunos, ex-alunos e simpatizantes da causa.
Em maio do ano seguinte o sonho acabou.
Foi decidido em reunião fechar o espaço.
O nosso teatro dura e penosamente construído.
Independentemente mantido por 10 anos.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

MEU SEXTO LONGA - BIO



Andei dando uma olhada na minha (lamentavelmente pequena) filmografia: percebi que tiva a sorte e o prazer de ser convidado para fazer uns filmes (curtas e longas) diferentes, especiais, eu diria até mesmo conceituais. Foi assim com Os Residentes, de Thiago Mata Machado. Foi assim com Ainda Orangotangos, de Gustavo Spolidoro, que inventou de fazer um longa em plano sequência. E, é assim agora com BIO, do Carlos Gerbase. São filmes que arriscam além das margens. Experimentam linguagens. Filmes corajosos. 
BIO, é a história de um homem que nasceu em 1959 (eu sou de 1954) e morreu em 2070, contada por pessoas que o conheceram e, de alguma maneira, contribuíram para a sua trajetória. Relatos subjetivos reconstroem momentos decisivos da vida de um cara que nunca aparece.
Quando li o roteiro pensei que tinha tudo pra dar errado.
E talvez até desse errado se não fosse a direção do Gerbase. Mais do que a direção, o vislumbre do resultado que o Gerbase já tinha na cabeça quando começaram as filmagens.
Adoro fazer cinema. Adoro mais ainda quando são propostas inusitadas e instigantes.