sábado, 30 de dezembro de 2017
CÃO SEM DONO
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METAMORFOSE
quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
PEQUENOS RECORTES DA VIDA URBANA PARA LER NO BANHEIRO.
Eu tô sempre lendo pelo menos dois livros. Um que é o que eu ando com ele. E outro que fica no banheiro. Esse último tem que ser um livro específico pra ler no banheiro. De preferência um livro de contos. Ou poesias. Pensando nisso estou escrevendo aquilo que algum dia será um livro de contos pra ler no banheiro. Contos com o tamanho exato de uma boa cagada. Com o perdão da palavra. Hoje vou postar um deles.
1.
Eu vi uma barata saindo do bueiro. Eu vi um monte de baratas saindo de
um bueiro. Não. Eu sonhei com baratas saindo do bueiro. Eram muitas baratas
saindo do bueiro. O que eu vi mesmo foi a cabeça. Uma cabeça ao lado do bueiro.
Cara, eu vi uma cabeça. Parecia que a cabeça tinha sido... Eu não acreditava.
Olhava pra cabeça e pensava que não podia ser uma cabeça aquele volume escuro
atirado ao lado do bueiro. Mas era uma cabeça. De homem. Toda ensangüentada. E
parecia que tinha mesmo sido arrancada. Arrancada, cara. A cabeça foi arrancada
e atirada perto do bueiro. Quem atirou deve ter pensado que a cabeça iria rolar
pra dentro do bueiro, mas ela parou ao lado do bueiro. E eu ia só atravessando
a rua. Tinha acabado de comer um xis. Tava voltando pra casa. Pra quê que eu
tenho que ver uma cabeça? Quase vomitei em cima da cabeça. Vomitei nas baratas.
Mas isso foi no sonho. Na real, não tinha baratas. Tinha um olho meio que
saindo pra fora da cabeça. Eu ti um acesso de curiosidade mórbida e quanto mais
não queria olhar aquele troço mais olhava e procurava detalhes, procurava
reunir os pedaços de cérebro espalhados. De dentro do ouvido saia uma gosma
branco-esverdeada que eu não soube definir o que era. Impossível saber a idade
da cabeça. Era homem por causa do cabelo com corte de cabelo de homem mas
também poderia ser uma sapata. A cabeça de uma sapata foi arrancada por um cara
que perdeu a mulher pra sapata. O cara jogou a cabeça de dentro do carro pra
ela cair dentro do bueiro e a maldita cabeça da maldita sapata parou na beira
do bueiro. E não caiu. E quando ele (o cara) estava dando uma ré pra empurrar a
cabeça da sapata pra dentro do bueiro, percebeu que vinha gente, que era eu e
caiu fora. E eu encontrei a cabeça. Mas era tudo viagem. Não tinha carro nenhum
na rua. Só eu e a cabeça e era uma cabeça de homem. Ta... não sei porque eu
acho que é de homem, mas eu olho e SEI que é uma cabeça de homem. Amassada,
ensangüentada, completamente avariada, esmagada na frente, partida atrás, uma
massa disforme de cores variadas, uma cabeça de homem. Faço o quê? Chamo os homê?
Chamo os bombeiros? A SAMU não adianta mais. Procuro o corpo pelas redondezas.
Só com os olhos porque eu é que não ia sair dando uma banda e procurando o
corpo naquelas bocadas tão mau iluminadas. Não via nada. Nada parecido com um
corpo num raio de duzentos, trezentos metros. Então era só uma cabeça sem
corpo. Pensei no Frankenstein e viajei que podia ser uma cabeça que alguém
estava trazendo do cemitério. Podia ser um carregamento de cabeças dentro de um
caminhão. Todas essas cabeças seriam usadas para criar um batalhão de
frankesntein que seriam treinados pelos americanos para destruírem o irã e o
iraque e todos os palestinos, judeus, libaneses, e todo aquele povo que arma há
quinhentos anos aquele barraco lá no oriente médio. Da onde que essa gente tira
tanto ódio? Acontece, que o motorista do caminhão dormiu na direção, meio que
subiu no cordão da calçada, o motora acordou, o caminhão deu uma forte
chacoalhada, a cabeça caiu pra fora da lona, ainda deu tempo das rodas de trás
do caminhão passarem por cima da cabeça que deu azar, quer dizer, azar duplo,
porque além de ser uma cabeça morta, ainda caiu da carroceria do caminhão,
bateu no muro e rolou pra perto do cordão da calçada bem há tempo de ser
esfacelada pelas rodas traseiras do veículo. E o motorista ainda se recuperando
do susto, sentiu mais um pequeno tranco nas rodas traseiras como se tivesse
passado por um pequeno quebra-mola, ainda olhou pelo espelho mas não viu a
porra da cabeça que rodopiou sobre si mesma espalhando um pouco de gosma e
miolos e quase caiu no bueiro ao seu lado. Que viagem! Sem saber bem por que,
sem saber o que se faz numa situação dessas porque eu nunca tinha visto uma
cabeça na beira de um bueiro, porque eu nunca vi num filme um cara enfrentando
uma situação semelhante, sem saber por que eu fiz exatamente aquilo, me
afastei, olhei pra frente e eu já tava no estádio do Beira-Rio. Estádio lotado.
Inter e Barcelona. Fomos pros pênalti. Era eu e o goleiro. Enxerguei os olhos
dele. Olhei pro juiz e de novo nos olhos do goleiro. Nunca que ele ia saber pra
onde eu ia chutar, eu já tinha escolhido o canto, corri pra cabeça, e emendei
um chutão de peito de pé que pegou bonito, pegou em cheio e sem piedade, o
goleiro se atirou inteiro, bonitaço, esticado pro lado direito, enquanto eu
engavetava um golaço no canto esquerdo, à meia altura, mandando a cabeça cheia
de baratas pro fundo das redes e marcando o gol que deu a vitória e o campeonato
mundial para o Inter.
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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
segunda-feira, 25 de dezembro de 2017
OS FRACASSOS PESAM NAS COSTAS
sábado, 23 de dezembro de 2017
DOIS PEQUENOS POEMAS
AMOR
E ÓDIO
Sempre que posso
Acabo comigo.
Mas mesmo assim
Sou meu melhor amigo.
Sempre que posso
Acabo comigo.
Mas mesmo assim
Sou meu melhor amigo.
COMPLICAÇÃO
Viver fica
Realmente complicado
Eu nunca reconheço
Que estou errado.
Viver fica
Realmente complicado
Eu nunca reconheço
Que estou errado.
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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
DA SÉRIE PÁSSAROS DO BRASIL
pássaros do brasil, técnica mista, Bob, 2017 mais uma das minhas intromissões no campo das artes plásticas |
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sexta-feira, 24 de novembro de 2017
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
MEMÓRIAS RECENTES
Dez anos (e alguns meses) depois encontro essa colagem entre os meus arquivos de imagem.
Foi um presente do amigo Kiran, Léon Federico Léon.
Grande e talentoso fotógrafo com o qual eu tive a sorte de cruzar algum dia. Kiran se integrou ao Depósito de Teatro como fotógrafo, como amigo, conselheiro e de tantas outras formas que ele achou para participar da experiência cotidiana do Depósito de Teatro.
O Kiran como fotógrafo e o Mirco Zanini como iluminador, foram duas gratas presenças (e vivências) como integrantes ativos do grupo. Os únicos membros que não eram atores ou diretores.
Era maio de 2007.
O meu mundo começava a cair.
Mas, eu não via isso, pois estava num momento especial da minha vida. Eu estava explodindo de felicidade. Estava mais uma vez apaixonado. Engatava minha maravilhosa (profícua e duradoura) relação com a Elisa. Festejava meu aniversário entre meus amigos, no "meu" espaço. O novo Depósito de Teatro que estávamos instalando na Câncio Gomes.
Digo "meu" entre aspas, porque tenho total consciência que era o nosso espaço. O Depósito dependia do esforço de muita gente.
Éramos um grupo de 12 pessoas. Mais um batalhão enorme de alunos, ex-alunos e simpatizantes da causa.
Em maio do ano seguinte o sonho acabou.
Foi decidido em reunião fechar o espaço.
O nosso teatro dura e penosamente construído.
Independentemente mantido por 10 anos.
Foi um presente do amigo Kiran, Léon Federico Léon.
Grande e talentoso fotógrafo com o qual eu tive a sorte de cruzar algum dia. Kiran se integrou ao Depósito de Teatro como fotógrafo, como amigo, conselheiro e de tantas outras formas que ele achou para participar da experiência cotidiana do Depósito de Teatro.
O Kiran como fotógrafo e o Mirco Zanini como iluminador, foram duas gratas presenças (e vivências) como integrantes ativos do grupo. Os únicos membros que não eram atores ou diretores.
Era maio de 2007.
O meu mundo começava a cair.
Mas, eu não via isso, pois estava num momento especial da minha vida. Eu estava explodindo de felicidade. Estava mais uma vez apaixonado. Engatava minha maravilhosa (profícua e duradoura) relação com a Elisa. Festejava meu aniversário entre meus amigos, no "meu" espaço. O novo Depósito de Teatro que estávamos instalando na Câncio Gomes.
Digo "meu" entre aspas, porque tenho total consciência que era o nosso espaço. O Depósito dependia do esforço de muita gente.
Éramos um grupo de 12 pessoas. Mais um batalhão enorme de alunos, ex-alunos e simpatizantes da causa.
Em maio do ano seguinte o sonho acabou.
Foi decidido em reunião fechar o espaço.
O nosso teatro dura e penosamente construído.
Independentemente mantido por 10 anos.
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
MEU SEXTO LONGA - BIO
Andei dando uma olhada na minha (lamentavelmente pequena) filmografia: percebi que tiva a sorte e o prazer de ser convidado para fazer uns filmes (curtas e longas) diferentes, especiais, eu diria até mesmo conceituais. Foi assim com Os Residentes, de Thiago Mata Machado. Foi assim com Ainda Orangotangos, de Gustavo Spolidoro, que inventou de fazer um longa em plano sequência. E, é assim agora com BIO, do Carlos Gerbase. São filmes que arriscam além das margens. Experimentam linguagens. Filmes corajosos.
BIO, é a história de um homem que nasceu em 1959 (eu sou de 1954) e morreu em 2070, contada por pessoas que o conheceram e, de alguma maneira, contribuíram para a sua trajetória. Relatos subjetivos reconstroem momentos decisivos da vida de um cara que nunca aparece.
Quando li o roteiro pensei que tinha tudo pra dar errado.
E talvez até desse errado se não fosse a direção do Gerbase. Mais do que a direção, o vislumbre do resultado que o Gerbase já tinha na cabeça quando começaram as filmagens.
Adoro fazer cinema. Adoro mais ainda quando são propostas inusitadas e instigantes.
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