sábado, 4 de julho de 2009

PEQUENAS REFLEXÕES QUE ACOMPANHAM A PESSOA


Este na foto sou eu. Sou ator e diretor de teatro, embora não acredite que faça bem nenhuma das duas coisas. No máximo, engano. Tenho 53 anos e cheguei nesta idade com tremendas reflexões, pesando, incomodando, perturbando minha cabeça. São dúvidas terríveis à respeito do passado, do presente e do futuro. Sinto como se os 50 anos fossem um divisor de águas, a descida da serra da vida, lomba abaixo na velocidade vertiginosa dos tempos pósmodernos. Tento agarrar-me à vida e aproveitar o mais que posso, mas percebo que a vida me escapa por entre os minutos perdidos e então tento inutilmente recontar os minutos perdidos, o tempo perdido, detectar as escolhas erradas, contabilizar os fracassos do percurso para chegar a aniquiladora sensação de ter feito mais de 90% das suas escolhas erradas. A demolidora certeza de ter fracassado.
Considero-me um artista medíocre e medroso e que, em diversos momentos, deparei-me com a barreira concreta dos meus limites intransponíveis, fracassando na missão auto-imposta de construir uma obra perene, quando lido com uma arte absurdamente efêmera. Fico pensando, cá com meus modestos botões: uma pessoa que pensa assim, vai continuar pensando assim pelo resto da vida, e então, daqui há, digamos, 10 anos, estará pensando se não errou nas escolhas que fez durante estes 10 anos. Ou, pior, pensando nas escolhas que está fazendo agora, e errando, sem saber o que é certo e o que é errado. Levado por uma profissão que me encantou desde a primeira vez que representei, mas que, até o presente momento, devo responder diariamente porque é necessário continuar acreditando. E sempre a dúvida. E em todos os tempos, condenado. É possível. É bem possível. Mas são apenas reflexões de alguém que durante toda a sua vida foi levado impulsivamente a fazer suas escolhas. Com as mulheres, todas, acertou sempre em cheio. Com o teatro, com a profissão, ele não tem tanta certeza.

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